Pesquisas de intenção de voto são mais “fotografias” que “profecias”

Pesquisas retratam apenas uma tendência do momento em que foram realizadas.

De repente você tira seu celular do bolso e fotografa uma paisagem qualquer na cidade e fica fascinado com o que vê e então se passam meses e você, ao passar pelo mesmo local, decide registrar a paisagem novamente. Quais as chances de tudo estar lá da mesma forma que a primeira imagem? É obvio que possivelmente muita coisa ainda esteja já, mas impossível prever que o resultado obtido no retrato de meses atrás seja reproduzido mais uma vez agora.

Pesquisas eleitorais assim como as fotografias retratam um instante exato, uma tendência do momento em que foi realizada e não pode ser enquadrada como uma profecia do desfecho de uma eleição.

Ok. Isso parece óbvio. Mas acredite não é!

É comum entre políticos bem avaliados que resultados de intenção de voto sejam usados em pré-campanhas como sinônimo de “já ganhou”, só que na realidade é justamente no período da campanha que a maioria das pessoas decidem, de fato, atentar-se, para o pleito. E as estratégias de cada candidatura, agora já estabelecidas e consistentes, que definirão o resultado.

Os dados mais recentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que Guarabira conta com 43.214 eleitores aptos a votar, ou seja, cerca de 75% da população, mas e se nos atentarmos à última pesquisa divulgada na cidade, realizada pelo Instituto Advise e encomendada pelo Blog do Chico Soares, que aponta a ex-prefeita Léa Toscano (União Brasil) como 59,37% de preferência? Pois bem, considerando que a pesquisa ouviu um total de 408 pessoas, os números da pré-candidata representam a vontade de apenas 242 pessoas.

Pesquisas de intenção de voto utilizam uma metodologia de estatística que obtém a preferência do eleitorado com base em uma amostra, mas não uma amostra aleatória, pois ela precisa refletir a diversidade do eleitorado. Por exemplo, vejamos o percentual das pessoas ouvidas com base na faixa etária, sexo, escolaridade e renda. Este percentual consta nos dados da pesquisa registrados no TSE sob o número PB-07981/2024.

Faixa etáriaPercentualPessoas entrevistadas
16 a 2414,88%60,7104
25 a 3419,48%79,4784
35 a 4420,01%81,6408
45 a 5924,89%101,5512
60 ou mais20,74%84,6192
 Total:408
Fonte: Advise/Sistema PesqEle/TSE
SexoPercentualPessoas entrevistadas
Masculino46,12%188,1696
Feminino53,88%219,8304
 Total408
Fonte: Advise/Sistema PesqEle/TSE
EscolaridadePercentualPessoas entrevistadas
Analfabeto, lê e escreve19,77%80,6616
Fundamental Incompleto / Completo25,04%102,1632
Ensino médio incompleto / Completo41,67%170,0136
Superior incompleto / Completo13,52%55,1616
 Total408
Fonte: Advise/Sistema PesqEle/TSE
RendaPercentualPessoas ouvidas
Salário-mínimo90,81%370,5048
2 a 5 salários-mínimos6,10%24,888
acima de 5 salários-mínimos3,09%12,6072
 Total408
Fonte: Advise/Sistema PesqEle/TSE

Talvez, olhando assim para os quadros, você pode se perguntar, será que 408 pessoas são realmente suficientes para refletir a tendência do eleitorado guarabirense para as próximas eleições? Isso quem dirá é o tempo! Convém destacar que a margem de erro apontada pelo Instituto é de 4,83% para mais ou para menos e o grau de confiança da amostragem, em relação a população, é de 95%.

No mais, retorno ao problema que serviu como mote para esta coluna de opinião. Pesquisas são fotografias e não profecias e ainda é muito cedo para cravar o que vai acontecer no dia 6 de outubro. Até lá, teremos vários cenários para observar e decidir, afinam o que acontece entre você e a urna só diz respeito a você.

Joab Freire

Jornalista formado pela UEPB
Pós-graduando em Comunicação Política, Comunicação Pública e Comunicação Institucional e Redação Oficial

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